domingo, 29 de agosto de 2010

apetite

se olhava no espelho, nua, e se tocava, pois assim sentia mais prazer do que quando fazia com ele.

no fundo, se achava mulher demais para ele.
desejava mais ligação carnal, mais voracidade,
um pouco de sadomasoquismo, se preciso.
qualquer instinto incontrolável era verdadeiro, e por isso seria mais bem vindo.
sentia-se uma princesa trancada no castelo à espera de um vilão másculo para lhe salvar do casamento perfeito com o príncipe sem sal.
acorrentava-se à ilusão de que o sexo era o único meio de sentir-se viva.
sofria com o amor, pois este para ela não passava de um sentimento oblíquio cuja finalidade seria aprisionar as pessoas às suas próprias vontades.
quem ama gosta que o ser amado lhe sirva, e ela, muito pelo contrário, não nascera para servir ninguém.
não acreditava em perfeição, e sim na tragédia que é buscá-la.
dolorosa demais, escura demais
tanto quanto seus pelos que por debaixo do lençol
se assemelhavam ao brilho opaco no olhar do homem que falava de amor da boca pra fora.
em movimentos repetitivos numa cama cafona, sentia-se só, telespectadora de uma relação que a leva ao suicídio diário.
amor por comodidade, eis a receita do fim.
 
 
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