terça-feira, 26 de outubro de 2010

Poeira Estelar

Eu sinto falta do seu gosto de cigarro na boca. Do seu perfume felino, doce e seco, tal como seu sorriso e os seus arranhões. Da fúria que tomava conta dos nossos espíritos assim que se encontraram. Mais pareciam dois amantes separados pelo Destino.
Sinto saudade das idiotices que você me dizia. Dos nossos passeios sem destino pelos corredores do Conic. Das nossas danças reservadas e proibidas.  Sinto falta de tudo que um dia me fez encher o saco de você. Ainda admiro sua tremenda apatia à vida. Da sua aversão à felicidade, e aquele mau humor gostoso de aturar. Gosto do nosso entorpecer sem necessidade de entorpecentes, das nossas brigas a troco de nada e um copo de vodka pra acalmar. Gosto do nosso futuro incógnito, e o preço que estávamos dispostas a pagar por ele.
Aprecio nosso passado tão marcado por momentos fulos, como nossa imagem na cama, duas damas rebeldes como cães de rua.
Fúria indomável e atrapalhada. Fúria nas TPMs que andavam de mãos dadas como nós. Relembro com prazer de sua selvageria anunciada em palavras bonitas, poemas sem nome. Um rastro de poeira estelar nos seus olhos, e no sabor do último beijo. Fúria no seu olhar de ditadora, que falava mais do que todas as palavras do mundo inteiro. Fúria de declarações sinceras, e brigas mais sinceras ainda. Enfim, um milagre bizarro da mãe natureza. Duas mulheres apaixonadas.




Ellen F.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Sangue e tequila

Uma manhã em forma de ressaca. O cenário era a calçada da rua mais movimentada do bairro, agora tão melancólica, diferentemente da bebedeira travestida de felicidade da noite anterior. Dois personagens de um enredo que poderia ser romântico ou trágico (dependendo do humor dos mesmos) ainda discutiam a relação na frente do bar preferido. Palavrões e promessas gritadas, um espetáculo digno dos que amam e não enxergam mais nada além do amor prestes a se tornar perdido. Ela disse adeus, mas deixara de consolo uma carta cujo fim seria o fundo do colchão antigo. Dizia ela:
'Sua estupidez foi mais marcante do que o amor. O casaco de couro hoje exala aroma de sangue com tequila. Uma marca nossa se chama solidão, mesmo em meio ao mundo. Na rua, todas as pessoas são iguais, todos possuem a mesma postura, aquele mesmo ar esnobe de quem pode tudo e sofre calado por não acreditar no que dita (ou diz acreditar). Oferecemos aos Deuses um pouco mais do que saliva e esperma, mas quando te ponho ao encontro de nosso Destino, você foge levando mais de mim do que eu imaginei um dia. Tentei permanecer ao seu lado, mas foi seu orgulho que me afastou."

Palavras nem sempre são o bastante para se manter o que um dia prometeu durar para sempre. Ele deu meia volta, e acabou por ficar lá mesmo, na calçada, enquanto ela se ocupou na função de não aparecer mais naquela rua. De não aparecer mais na vida dele. O casaco foi esquecido no bar, que ele nunca mais entrou, por lembrar tanto o dia em que a conheceu.


quarta-feira, 13 de outubro de 2010

traço

Faço das suas palavras o meu abismo particular
aquele 'NÃO' que ficou impregnado
e me tirou horas do sono
me fez ter certeza de que aquele fora o último encontro

a última palavra sincera que saiu de mim foi o adeus
quem diria, logo pra você!
logo eu que um dia acreditei em nós

mas fica marcado no relógio aquele que seria o amanhã
posso trocar de companhia por algumas horas
e te insultar por consideração
sabendo que na minha postura há um pouco de ti

aceite minha rejeição como um brinde de honra
por que não existe desprezo sem culpa no cartório
e ódio por ódio é sinal de fim de amor

e o amor, quando verdadeiro, supera tudo
vai além de tudo, e dura para sempre
mesmo sem querer

assim como aquele mesmo retrato
eternizado
eu e você
Ellen F.

domingo, 3 de outubro de 2010

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Chega aquele momento em que o drink já não tem o mesmo gosto do primeiro porre. Que qualquer lembrança se torna sinônimo de tortura. E como é bom sofrer por você. Se sofrer por ti é a última recordação que me mantém ligada a você, então sofrerei com prazer, meu amor, para me equilibrar em passos curtos em uma corda bamba. Aquela mesma que um dia te pus de pé, rindo de forma colérica nos seus braços e entre suas pernas. Quando me falta o que fazer, me lembro de você. Parece cruel, mas é a pura verdade.
Arrisco os primeiros dígitos do seu telefone, e me falta a coragem. Prefiro tudo assim mesmo, em pequenas doses de nostalgia com solidão. Gosto da sensação de recordar o quanto me pertenceu, e como o passado e futuro ainda estão nas mãos da minha escolha. Gosto de brincar com  meu próprio ego, me machucando sozinha em te imaginar com alguém. Isso se chama masoquismo psicológico.
Te puxo ao meu lado quando me convém, te descarto com a classe de uma vagabunda qualquer, te chamo de amor da minha vida com facilidade absurda, e sei que duvida, e sei que se pergunta: 'Será mesmo?'. Me ponho no seu colo pra afastar a solidão, tudo em pensamento. Sei que ri pra mim com desgosto, que não sou nada daquilo que um dia imaginou, e a graça toda é essa, estamos na mesma teia de aranha.
amor cego de ódio e egos inflados, brincadeiras perigosas de paixão a curto prazo. O prazo se estendeu. Prazer, somos apenas nós. 

sábado, 2 de outubro de 2010

Eu quero caminhar, mas não sei dar o primeiro passo

Caminhos e Verdades - O Universo somos nós
Todos já nos sentimos assim alguma vez na vida né? Porque não é fácil lutar pelo que queremos e existe aquela merda de impressão de que há algo querendo nos impedir de tentar? Alguém sabe o por quê?
O primeiro passo... ele é sempre o mais difícil, e quase sempre é nele que se tropeça.Existem quedas que servem para dar o primeiro adeus. Enquanto outras dão o incentivo do tipo “agora é tudo ou nada”.De nada adianta ver o tempo correr, pois ele vai embora e aí, depois dele o que fica?O que trouxemos de essência nossa a este plano?Não há nada mais mágico do que enxergar brilho no olhar, corações de flores e auras coloridas.Não, não é conto de fadas. Tampouco realidade.
O que se tem de real em um mundo de ódio e orgulho? Se isso é real, me tranque nos sonhos. A vida e a morte são apenas artifícios para nos distraírem no Caos. O Purgatório é só uma fofoca de corredor. Convivemos o tempo todo com seres invisíveis por todos os lugares. Saímos do nosso corpo material durante o sono. Buscar a verdade não é alienação. Ignorar a verdade é!E prefiro as verdades incertas que me levam adiante do que as ‘certezas’ que me prendem no mesmo lugar.O que eu enxergo, o que quero, não é questão de mistério, é só questão de querer enxergar.Na minha dimensão existem outros moradores, apenas estamos muito distraídos com as estrelas tão perto.

Quem sou eu

Minha foto
Sobe e desce, oscilação de Gêmeos com ascendente em Gêmeos.

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