quinta-feira, 2 de setembro de 2010

o ritmo


O ritmo

talvez seja o cheiro da sua pele nua
ou o encaixe perfeito entre os nossos mundos
que adotou um abismo de estimação criado no quintal
separando sua boca da minha
a cada palavra de baixo calão

o ciúme morre solitário no peito
com receio de se partir ao meio assim que subir no palco
desmoronando o próprio desejo calado com agulhas nervosas

é quando se anarquiza uma melodia que fala do amor perfeito que sequer nasceu
me pego e apego na fantasia de que todas as noites é você quem surge
violentando junto comigo as belas certezas e planos

contar os retalhos do pano em que a gente se deitava
esperar na sombra pela certeza dolorosa de que o que era
eterno se desmanchou pelo ar
quando todas as palavras severas rendem nada mais do que um samba triste

e a sombra de um adeus calou a esperança de qualquer dia melhor
mascarando a dor em um dia feliz
nada mais fútil do que a felicidade
que no fundo é merecida por todos
o amor, ao contrário, é denso e encorpado
visceroso e amargo
e digno de poucos

Ellen F.

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